Por: Luiz Guilherme Hostert Pereira
O mais novo filme da franquia Invocação do Mal – “A Ordem do Demônio” – vem aterrorizando o público ao redor do mundo e se tornou o maior sucesso na bilheteria nacional desde o início da pandemia. Baseado em uma história real, o filme retrata os famosos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren enquanto trabalham no caso de Arne Cheyenne Johnson, jovem acusado de esfaquear até a morte seu senhorio, em 1981.
O julgamento de Arne ganhou manchetes nacionais nos USA pois foi a primeira vez em que a “possessão demoníaca” foi utilizada como defesa em um tribunal americano. Meses antes do assassinato, os Warren lidavam com outro suposto caso de possessão. Dessa vez, o indivíduo era o irmão de 11 anos da noiva de Arne, David. Após descrições detalhadas de comportamento estranho e sobrenatural vindos da criança – como visões de criaturas ameaçadoras – a mãe de David, Judy Glatzel, e sua filha pediram ajuda à Ed e Lorraine para que o casal realizasse um exorcismo no menino.
Durante um dos exorcismos aos quais David foi submetido, Arne se ofereceu para ser possuído em seu lugar, mas no dia esse pedido não pareceu surtir efeito. Meses se am e, aparentemente, tudo está normal: David recuperando-se dos acontecimentos ados e a noiva de Arne, Debbie Gratzel, trabalha como tratadora de cães para Alan Bono, dono de um hotel para pets. Ela ou a morar com o noivo em um apartamento adjacente ao hotel, alugando-o de Bono. De repente, Debbie afirma ter começado a notar comportamentos estranhos no noivo, afirmando que ele parecia entrar em “estados de transe”.
No dia do assassinato – 16 de fevereiro de 1981 – Alan Bono foi descrito como “bêbado e agitado”. Debbie havia saído para levar suas primas à um eio e deixou Arne e Alan Bono sozinhos. Ela disse que, antes de sair, já havia sentido uma estranha tensão entre eles. Quando as garotas retornaram, encontraram Bono nos últimos minutos de vida com uma faca que Arne sempre carregava ensanguentada perto de seu corpo.
Em “Invocação do Mal 3”, esses eventos são consequências de atividades sobrenaturais que foram relatadas por todos envolvidos no caso na época. A defesa de Arne Johnson foi rejeitada no tribunal (o que não é mostrado no filme) e ele é sentenciado à uma pena entre 10 e 20 anos de prisão. Arne se casou com Debbie, que nunca deixou de apoia-lo em 1984, enquanto ainda estava na prisão, e continuou casado até a esposa falecer de câncer um pouco antes do lançamento do filme. Johnson foi solto em 1986 por bom comportamento.
O mais recente desenvolvimento no caso ocorreu em 2007, quando Carl, o filho do meio da família Glatzel, declarou que o casal Warren fabricou toda a história envolvendo possessão demoníaca se aproveitando da tragédia famíliar para aumentar sua popularidade. Ele e o irmão mais novo, que fora supostamente “possuído”, abriram um processo contra Ed e Lorraine por “violarem sua privacidade e causar dano emocional intencional à família.”
O pai de David também contribuiu alegando que os Warren criaram uma farsa com a desculpa de que eles ficariam ricos com a publicidade do caso, compartilhando sua história em um livro. Porém, quando o livro foi publicado a família recebeu somente dois mil dólares em “royalties”.