Se depender de muitos motoristas o Ano Novo só muda no calendário e não traz esperanças e atitudes de renovação em relação à segurança no trânsito. A cada virada de ano a notícia se alterna: ora diminuem a quantidade de mortes, mas aumenta a de sinistros de trânsito nas rodovias; ora diminui a quantidade de colisões e aumentam as ocorrências fatais. Em todo o país registrou-se 51% de ultraagens em locais proibidos em rodovias em relação ao mesmo período no ano ado. Nas rodovias entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul as principais infrações se repetem e os motoristas? Continuam estressados.
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Feriadão
O feriadão de Ano Novo é tempo de rodovias superlotadas, fluxo saturado e trânsito lento como é característico das viradas de ano. As pessoas saem de casa rumo a algum lugar para descansar, sair da rotina e desestressar, mas parece que muitos motoristas não conseguem. Estão no modo automático.
O mesmo cara que publica ou compartilha postagens em rede social enaltecendo que a felicidade está no caminho, que o que realmente importa é saber curtir o percurso faz diferente quando está atrás do volante. A pressa é evidente e impera.
Foram cerca de 2,5 mil km dirigindo entre o litoral gaúcho e Santa Catarina entre trajeto de férias e a trabalho e o que as minhas retinas registraram não está no gibi!
Trafegando pelo litoral gaúcho, ERS-389 ligando Osório a Torres, muitos trechos da Estrada do Mar não têm acostamento, uma parte da via é mais larga e é onde muitos condutores tentam “duplicá-la” no modo imaginário. Resultado: algumas saídas de pista e abalroamentos.
Cruzando o rio Mampituba bem na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina ando por o de Torres tem-se que tentar sair ileso daquela chegadinha em Torres (RS): a cidade que quase não vê trânsito intenso em outros períodos do ano e que tem só um semáforo na entrada praticamente triplica a população, inclusive motorizada.
As condutas perigosas e arriscadas de muitos condutores assustam até os mais experientes! Trânsito de lento a parado, cruzamentos trancados, basta uma espera acautelada sinalizando para não provocar uma colisão e os impacientes já começam a buzinar em coro.
Imprudências
Mesmo com o tempo chuvoso, pelo menos 4 motoristas faziam viagens longas com o vidro do carro faltando: no lugar dele um saco de lixo preto e até mesmo um papelão improvisando uma janela. Seguiram lado a lado com o meu carro por longos quilômetros sem a menor preocupação com a segurança.
Veículos com faróis queimados ou apagados durante a noite, bicicletas transportadas inadequadamente impedindo a visibilidade da placa do veículo durante o dia, excesso de velocidade, ultraagens em locais proibidos (curvas, subidas, linha dupla amarela) e a infração campeã do mundo: não dar seta.
Animais soltos no interior do veículo, com a cara na janela, crianças pequenas soltas dentro do carro. Como se tudo isso fosse a coisa mais normal do mundo!
Abuso nas praias
Nas praias agrestes ou mais afastadas o abuso impera: motociclistas sem capacetes, de chinelos, eando na areia da praia entre os banhistas de todas as idades. Naquelas em que há dunas alguns arriscam manobras perigosas em total desrespeito ao meio ambiente, à vida e às leis de trânsito. Se confiam porque ali a fiscalização não chega.
Alguns conduziam quadriciclos sem o capacete obrigatório e com superlotação: 2 adultos e 2 crianças em eios diários em horários diferentes. Nenhuma preocupação porque ali a fiscalização também não chega.
Carros de eio ou buggys também se instalavam entre os banhistas nas areias e alguns tinham o gosto de acelerar próximo à beirinha d´água para ver a cortina de água levantar. Ali também é difícil a fiscalização chegar.
Na noite de Ano Novo como a praia era escura um grupo tratou de incendiar um toco seco de árvore para fazer a “fogueira de Ano Novo”. A fiscalização não chegou a tempo de evitar.
Pelas redes sociais se viu todo tipo de votos para o novo ano: mais amor, mais união, mais respeito, mais saúde, mais paz no mundo e um tanto de coisas boas que se só por um segundo todos se dedicassem à elas se mudaria o mundo. Mas, na prática, no que diz respeito à segurança e o respeito à vida no trânsito só virou o calendário mesmo. as infrações e os comportamentos de risco continuam os mesmos!
Naturalizando os perigos
Todos os anos milhares de reais são investidos nas operações de final de ano para evitar que pessoas se firam, morram e os prejuízos se estendam a todo mundo. Boa parte desse dinheiro vai em campanhas pedindo aos motoristas mais cuidado, mais cautela, que façam a revisão antes de viajar, mas parece que não existe responsividade e nem responsabilidade por parte dos motoristas.
O cara sai de casa com a família para descansar, sair da rotina, desestressar, mas o estresse, a pressa, o mau humor fica evidente até enquanto dirigem. Muitos motoristas não têm tolerância, aceleram demais, buzinam desnecessariamente, tiram fininha e aceleram agressivamente ao ultraar quem está mais à direita em rodovia de pista simples. E pasmem: alguns gritam, esbravejam, socam o volante discutindo com o ageiro ao lado.
Abalroamentos vi muitos pelo trajeto e até presenciei um envolvendo 5 veículos cujos condutores iam pela faixa da esquerda sem respeitar a distância de segurança.
Transitar pelo acostamento para tentar furar a fila de veículos lentos ou parados, transitar em marcas de canalização e até ultraar pelo acostamento é o tipo de infração que as polícias rodoviárias federal e estadual não dão conta de fiscalizar, flagrar, autuar e evitar.
E assim se vai naturalizando os perigos, os riscos, os sinistros de trânsito, os feridos e as mortes.
E assim entra ano e sai ano e só vira o calendário porque os comportamentos de risco, as infrações e os estragos pelo caminho continuam os mesmos de cada ano ado.
Parados na rodovia mais de uma hora com um engarrafamento monstro muitos motoristas assim como eu refletiam como uma pessoa sozinha quando faz uma besteira no trânsito afeta a vida de milhares!
Quem sabe no dia em que as pessoas saírem do modo automático essa paz, essa harmonia, esse tanto de coisas boas que desejam a si mesmas e aos outros nas postagens de redes sociais também sejam valham e se estendam para a segurança de todos no trânsito!
Feliz Ano Novo, caros condutores! Feliz comportamento novo no trânsito!
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