“Você não vai parar nunca mais”.
Isso me foi dito por um senhor na casa dos 55 anos.
Logo após eu ter feito minha primeira corrida (e caminhada) de 4 km.
Ele ratificou o que geralmente os participantes de provas de rua sentem.
Que correr causa dependência.
A pessoa fica viciada.
Apesar de ter gostado da experiência, acredito que não vou ficar fissurado.
Até porque quem se dedica a essa vida de atleta, precisa abrir mão de muita coisa.
Além de ser disciplinado, perseverante e regrado.
Respeito quem faz esse tipo de escolha.
Afinal, cuidar da saúde, é a mais correta das opções.
Senti uma grande satisfação ao completar o percurso em 33 minutos.
Para quem não fez nenhuma preparação específica, até que curti minha performance.
Precisava me testar.
Sentir a energia e a carga de adrenalina que tanto falam.
Fiquei “chapado” por algumas horas no decorrer do dia.
Você sai, de fato, revigorado, realizado, grato.
Com esforço e foco até conseguiria mudar meus hábitos.
Era o momento de aproveitar e dar uma virada de chave.
O que fiz?
Fui almoçar na casa da minha mãe e do meu irmão.
No cardápio, churrasco, maionese, cerveja e música.
De todo modo foi uma celebração.
Tudo em excesso faz mal.
Se o cara encher a cara e comer porcaria todos os dias, uma hora vai infartar.
Assim como aquele que pensar apenas em treinar e competir exaustivamente, seguir uma dieta rigorosa e ainda cultuar o corpo, vai pirar em algum momento.
É necessário ter um equilíbrio semanal.
O meu está longe do ideal.
Mas é o que gera prazer e satisfação.
Nas segundas-feiras faço treinamento funcional com a orientação do Everson Preto.
Ultimamente temos puxado um ferrinho porque a musculação é fundamental para quem não é mais um menino e pensa em envelhecer sem pedir um favor básico aos filhos.
Como por exemplo, usar uma escada para pegar uma xícara na prateleira.
Nas terças-feiras pedalo nas aerobikes do Sandro Stefanos.
Atividade essencial na “pelada” da semana.
As quartas volto a “malhar”.
E começo a dar um tempo.
Já que nas quintas, a prioridade é a patota de futebol.
Galera boa de bola, copo, garfo e resenha.
Às sextas me dedico exclusivamente à família.
Quando não trabalho aos sábados costumo sair para tomar um chopinho e comer um lanchinho.
Se tem trampo no dia seguinte, fico em casa, sossegado.
Uma pizza quase sempre rola.
A folga no fim de semana permite fazer, uma ou outra vez, alguns eios na região.
Quando as agendas não conflitam, gosto de receber os mais chegados.
Assim como tenho o costume de frequentar a casa deles.
Aquela troca agradável e justa, que muitos amigos fazem.
“Só traz a gelada que está tudo certo”.
Aos domingos, descanso.
Vejo filmes, séries e jogos.
De vez em quando rola um encontro como o do último dia 9, da FluTimbó.
Ou ainda uma volta na Rota de Lazer (que deveria fazer com mais frequência).
Se optasse pelas provas teria de repensar toda a programação.
Que curto demais.
E não estou disposto, por ora, a trocar.
E tem outra:
Correr custa caro (financeiramente falando).
Você precisa de uma boa preparação e até de uma assessoria.
Não dá para usar qualquer tênis furreca.
Dependendo da distância tem de pegar a estrada, tomar avião, ficar em hotel…
Lógico que existe o lado bom.
Você conhece lugares lindos, faz belos eios.
Basta ver a trajetória de Raul Cardozo.
Que aos 76 anos de idade, completou sua prova de número 1653 – 1464 corridas de rua.
São 59 maratonas no currículo de quase quatro décadas.
A primeira, em 1983, em Blumenau, organizada por Ivo da Silva, técnico de marcha atlética.
Ficou em 21º lugar entre os 58 inscritos.
Disputou seis vezes a Maratona de Nova York.
Por duas oportunidade foi para a Maratona de Boston, considerada a mais famosa e tradicional do mundo (128 edições).
Esteve ainda em Paris, Londres, Berlim, Amsterdã e Vancouver.
Dezenas de idas para São Paulo (São Silvestre), Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
Correu ainda na neve de Ushuaia, na Argentina, na “Mountain do Fim do Mundo”.
Sem contar as 130 meias-maratonas.
Conseguiu fazer tudo isso, claro, por sua tenacidade e paixão pelo esporte.
Porém, vem escrevendo sua irável história porque possui condições financeiras.
Pois um pacote de seis dias para a Maratona de Boston, custa cerca de R$ 20 mil.
Sempre deixei claro aos meus professores parças, quando o treinamento é mais puxado, que não sou e nem pretendo ser um atleta.
Quero me sentir bem, ter saúde.
Física, espiritual e mental.
E isso se constrói com alegria e reciprocidade.
Estando ao lado de gente do bem.
Resolvida.
Leal.
Que te respeita.
Que te aceita.
Independentemente de suas predileções e decisões.
Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. É apresentador, repórter, produtor e editor de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa.